Vigil
20/06/2013
Vigilância Sanitária de Blumenau quer eliminar as bisnagas
Projeto prevê que molhos sejam servidos apenas em sachês nos bares, lanchonetes e restaurantes
Entornando a bisnaga repleta de maionese verde no canto do sanduíche, a consultora de vendas Jéssica Spier, 21 anos, sentencia:
– Só concordo com o sachê se a maionese continuar desse jeitinho, com o mesmo sabor.
O temor de Jéssica é porque recipiente do molho tradicional de Blumenau está ameaçado. A bisnaga com maionese verde (e também de outros ketchup e mostardas escura e amarela) pode sair das mesas dos estabelecimentos da cidade. Mas a maionese caseira fica. Pelo menos esta é a intenção do projeto que a Vigilância Sanitária de Blumenau elabora. O texto, que passa por ajustes, tem intenção de tornar obrigatório o uso de sachês lacrados.
– A intenção não é acabar com este tipo de molho, somente oferecê-lo com condições alimentícias seguras – pondera o diretor de Vigilância em Saúde, Eduardo Weise.
Coordenador de fiscalização da Vigilância Sanitária, Paulo Mülhmann diz que a intenção é obrigar os donos de estabelecimentos a oferecer porções individuais, que eliminaria riscos de o molho estragar por falta de refrigeração e ser contaminado por micro-organismos. A Vigilância não informou números de infecções alimentares na cidade.
Doutor em Saúde da Família, Alessandro Scholze cita que alimentos contaminados podem causar doenças no trato digestivo e que não há ambiente asséptico por completo:
– Sempre vai haver alguma contaminação. A exposição prolongada do alimento à temperatura ambiente permite a reprodução de micro-organismos e aumenta a contaminação – explica Scholze, professor de Medicina da Universidade do Vale do Itajaí (Univali).
A eliminação da bisnaga é anunciada desde 2006, quando o vice-prefeito – na época vereador – Jovino Cardoso (DEM) apresentou projeto de lei para tirar os tubos flexíveis. A proposta não foi adiante. Na Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCJ), vereadores decidiram que era inconstitucional.
Não há data para que o texto seja concluído. Antes, a proposta deverá ser avaliada por comerciantes do ramo alimentício e também pelo Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Blumenau e Região (Sihorbs). Só então será encaminhada à Procuradoria Geral do Município, que definirá como o texto entrará em vigor com peso de lei.
Fonte Jornal de Santa Catarina 20/06/2013.